26 de março de 2009

In Light!

Pois, poderia ser a apologia do recente trabalho de Antony, The Crying Light, mas trata-se mesmo da Hora do Planeta e do acto simbólico em que poderá participar no próximo sábado, dia 28 de Março, às 20h30m.

Neste duelo entre o planeta terra e o aquecimento global, colabore e apague as luzes durante uma hora.

Eu estarei off-line ;-)

25 de março de 2009

Titubeando...

Na era da Web 2.0 e das inúmeras ferramentas e aplicações que, de alguma forma, visam confluir para uma Web semântica, apraz-me citar Tim Berners-Lee: «We are forming cells within a global brain, and we are excited that we might start to think collectively. What becomes of us still hangs crucially on how we think individually».

Como podem aferir através deste blogue, eu costumo titubear - vulgo usar o Twitter. E, ainda ontem, a propósito da entrevista a Paulo Querido, que (per)sigo via Twitter, fui questionada sobre as mais-valias desta ferramenta de comunicação designada como uma espécie de micro-blogue e que cultiva a nossa capacidade de síntese dada a limitação do conteúdo das mensagens publicadas pelo número de caracteres.

Desde 2007, momento em que comecei a usar esta ferramenta, deparei-me, desde logo, com algumas adversidades. Para além da delimitação das mensagens, nunca fui apologista dos termos empregues pois a designação de following e de followers sempre me deu a sensação de predador e de presa, acicatando o voyeurismo e a passividade que a Internet alimenta. No meu caso, em particular, também me deparo com algumas discrepâncias linguísticas, na medida em que os meus updates tanto figuram em Português como em Inglês. Depois, esta sensação de pertença e de inclusão em rede suscitam-me cada vez mais dúvidas. De facto, se eu quiser posso seguir o Barack Obama, o Narciso Miranda, o David Lynch e o David Fonseca. Mas em que é que isso contribui para a minha felicidade? E quem será que faz os updates destes senhores?

Por isso, quando me questionam sobre as finalidades do Twitter, julgo ser importante, antes de mais, atentar na rede por nós montada e no teor da informação partilhada. No meu caso, tenho acesso a eventos académicos e culturais, por vezes até a pormenores desses eventos que gostaria de presenciar mas dadas as contingências espaciais (nunca esquecer que a informação veiculada já está a ser filtrada por outrem e mediada pelo computador). Subjectivismos aparte, partilho causas, leituras, documentos, músicas, entre outros. Mas logo surgem as questões: para quê ou porquê partilhar? Também essa é uma questão pertinente para as relações e as redes de interacção presenciais. Cada um, nesta rede simbólica de trocas, online e/ou face-a-face, partilha o que quer em função das suas comunidades de interesses e de afinidades. Claro está que devemos manter o distanciamento crítico e, por vezes, dou por mim a pensar que qualquer dia passamos mais tempo a partilhar e a escrever o que estamos ou tencionamos fazer do que propriamente a fazer. Enquanto isso, vou titubeando em rede mas sem chegar a pormenores intimistas das minhas idas à casa de banho ou do que penso comer ao pequeno-almoço.

Gostaria ainda de ressalvar, nesta existência blended, a pluralidade das ferramentas e aplicações da Web 2.0 relacionadas com o Twitter. No index consultado, encontrei 72 resultados que podem visualizar aqui.

Como já dizia J. Orton, as pessoas são infinitamente cómicas e como tal, fica esta animação versando o nosso querido Twitter:


«Twouble with Twitters»

Fonte: www.youtube.com


Nota: À guisa de partilhas, revelo em primeira mão, ainda antes de titubear, que hoje, findos os deveres laborais, irei assistir à última película de Clint Eastwood, «Gran Torino», numa sala de cinema perto de mim!

24 de março de 2009

As forças do homem não são concebidas como uma orquestra. No homem é necessário que todos os instrumentos toquem sempre com toda a sua força. Não foram destinados a ouvidos humanos e não dispõem da duração de uma noite de concerto durante a qual cada instrumento pode esperar a sua vez.

23 de março de 2009

Dias Felizes

Afinal, as coisas até correm! O Benfica ganhou a Taça, o Mourinho é doutor honoris causa - sempre é preferível conceder tal título a um treinador no âmbito da Motricidade Humana do que um doutoramento honoris causa no campo da Literatura a alguém oriundo da Economia - e o Papa cumpriu a sua peregrinação a Angola.

Pulga Estúdios presta homenagem a Sua Santidade:


«O Falso Amigo da Liberdade»

Quarto episódio da série vídeo-blog SÓ NÓS DOIS é que sabemos

20 de março de 2009

«Eu sugero...»

Não há melhor do que assistir ao noticiário e constatar que, em resposta à crise e à insuficiência das medidas preconizadas pelo PM, o Dr. Mário Soares contrapõe alternativas que pontuam como «eu sugero...». Em vésperas do Dia Mundial da Poesia, não há como agarrar e divulgar estas pérolas verbais. Por isso, eu sugero que fruam dos dias primaveris e das diversas iniciativas que radicam nas estrofes, sonetos, redondilhas, etc. Bom fim-de-semana e «cuidado com a língua»!
Pulga Estúdios parece passar ao lado da crise, a tal crise que algumas mentes estrategicamente criativas finalmente constataram. A mais recente produção atenta no nicho de Bollywood numa prospectiva do «Quem quer ser vagabundo?»


«Vagabunda Inquietação»

Episódio XI da série poética Violência Doméstica

19 de março de 2009

Para o meu Pai



«Se aqueles que amamos nos são roubados
temos que os amar sempre para que eles vivam mais.
Edifícios ardem. Pessoas morrem.

Mas o Amor sincero vive para sempre.»

18 de março de 2009

Diário de Uma Estrela (de)Cadente (II)

Hoje, ainda tentei ligar... mas tive receio de ser mal interpretada. Já deves saber que amanhã é Dia do Pai mas, como és estéril e a adopção não é ponderável, achei melhor remeter-me ao meu web-diário. De facto, as coisas não correram nada bem quando disseste: "que viste nos meus braços?" e eu retorqui: "pois, são fraquinhos, come papas e vai para o ginásio". Ainda insististe: "a minha pila é pequenina" e eu salvaguardei: "não há nada como um implante peniano". Mas era tarde demais! Tinhas que apanhar a carreira para Vila Verde e eu tinha que preparar o seminário. Desculpa, mas a vida académica não se compadece com as tuas dúvidas existenciais. Os meus alunos também não ajudam em nada pois não adquirem a bibliografia obrigatória, aquela em que eu colaboro e sempre tenho direito a alguns pontos percentuais como revisora e co-autora. Sempre considerei que a melhor lição seria uma espécie de Lição Sobre a Lição. Ainda me indago como é que eles não conseguem memorizar as citações, inclusive vírgulas, parágrafos e páginas. Obviamente, isso é pedagógico pois incita ao sonambulismo intelectual e às massas referenciais. Ortega y Gasset ficaria orgulhoso dos meus objectivos individuais. Tal como daquela vez, em que eu a Mimosa compartilhávamos o gabinete e fomos surpreendidas pelo investigador de Rio Grande do Sul ou do Sur? Tínhamos acabado de acender o cachimbo da paz e... ela ainda conseguiu apagar o cigarro e eu profundamente intrigada, como é que esta mulher engoliu o cigarro? Eu toda atrapalhada, a pensar como imitar o Luís de Matos, esconde o cigarro, troca de mão, abafa o fumo, enfim...
Depois de um breve estágio com David Lynch, Pulga Estúdios retoma a agenda de trabalhos após uma renegociação precariamente laboral com o dramaturgo, encenador, produtor, director artístico, aderecista, actores, figurantes e afins, ou seja, A. Dasilva O. & Sílvia C. Silva.



«O Manifesto Contra os Economistas»

Episódio X da série poética Violência Doméstica



«Censura, O Eterno Feminino»

Terceiro episódio da série vídeo-blog SÓ NÓS DOIS é que sabemos

13 de março de 2009

Diário de Uma Estrela (de)Cadente

Tentaste ligar-me mas estava ausente, do telemóvel claro está, e tinha pouca bateria. Depois, insististe e acabei por atender. Disseste que te sentias só e que o teu corpo chamava por mim. Tentei aconselhar-te com leituras pessoanas, massagens de relaxamento e a toma de Xanax mas nunca me levaste a sério. E, no fundo, acho que tens razão! Não te quero mal mas gostava que me apagasses da tua vida, memória e do móvel idem. O meu limiar de tolerância também entrou em deflação e, pelo menos por uns tempos, seria agradável não ouvir a tua gaguez. A vida segue e estou bem, quer dizer, podia estar melhor mas é tudo tão fugaz… hoje, ainda pensei escrever um poema, daqueles instantâneos com citações à mistura, mas não tive tempo. Tive que levar o cão a passear, fazer uns contactos e arejar o guarda-roupa pois a Primavera espreita. E já devias saber que, como sempre, tenho que ter a ultima palavra, tal como a Meg Ryan na película «In the land of women». Viste? Oops, afinal o DVD é teu e foi por mim retido na ânsia de um novo encontro. Mas foste tão inconveniente com os meus amigos do yoga que resolvi não te convidar para mais nada. Ainda gostava de perceber o que tens contra os chakras e manvantaras. Depois, tentaste irritar-me quando alegaste que todas as matosinhenses ostentam bigode e que o Narciso Miranda já figura na rede Facebook e se calhar até cantarola no Twitter. Mas o que tens a ver com isso? Tu também entranhas as Novas Tecnologias. Gostava de continuar a escrever mas tenho que retomar os passeios com o cão pois não basta a comida light. Até já!

12 de março de 2009

10 de março de 2009

Freelancer d'almas (cont.)

«Já não sei a quem escrever… Está tão longe toda
essa gente… Mudaram de alma para melhor traírem,
melhor esquecerem, falarem sempre de outra coisa…»
Céline, Morte a Crédito


Mas ainda assim estava confusa. A intenção tinha sido ir a Lisboa ver a exposição da Frida Khalo. Esta visita revestia-se de alguma perfídia na medida em que o Carlos havia balbuciado que tinha chorado a potes ao ver o filme no rescaldo do divórcio. E Ana ainda se sentia órfã do Carlos. Não aquela orfandade pós-bancos da escola académicos, tanto mais que sempre lhe restava o legado comtiano da física social. O seu desprendimento era afectivo mas, sobretudo, de cariz sexual. O corpo, sempre o corpo, «essa puta», como dizia o José. Ai as andanças catalãs e os seus desfechos trágico-cómicos. Sempre que Ana relia Ruy Belo, em particular, «Muriel», recordava o José e as ruas palmilhadas, não em Madrid mas em Barcelona. Andaram de mãos dadas, a brincar aos casais recentemente enamorados, mas nada estava a favor deles: em breve, ela teria que retomar os estudos e ele fora obrigado a descascar batatas para acompanhar o bacalhau cozido com grão. Depois, tinha sido um imbróglio descobrir onde se situava Cornellà de Llobregat e sempre de mãos dadas a tresandar a suor… Ana estava profundamente irritada com tudo isto, com as baratas que quase engolira à mistura com vinho do Porto e com o convite endereçado para colaborar numa colectânea de contos eróticos, sabendo de antemão que tinha o conto já assegurado na medida em que havia partilhado o curral com o José. Mas quem se julga esta meia-leca de editor? Ainda por cima, o voo de regresso ao porto d’abrigo tardava e as amigas lésbicas dele não cessavam de a oxidar com o olhar. Mal sabia ela que a primeira coisa a fazer, depois da aterragem, seria reclamar pela mala trucidada. Há voos assim! E, desta vez, o Miguel não estaria à sua espera no aeroporto com uma rosa de cor mal amanhada e com o bafo de alcoólatra. Nem tudo é mau. Quer dizer, o José tencionava visitá-la no espaço de duas a três semanas, sendo sua tarefa encontrar um ninho de amor. Preferia que o rendez-vous se desse em Paris, assim sempre tinha o pretexto das exposições e dos museus mas, com a sua sina, ainda dava de caras com o Carlos ávido de deslocalização artística. Mas este nunca mais dera sinais da sua ausência e impotência improjectadas, o Miguel devia estar aturdido em álcool, o Adolfo agora era fotógrafo hermafrodita e sim, o José sempre veio e foram felizes algumas horas. Depois, faz-te à vida e desaparece que a menina tem novos projectos e não pode desperdiçar tempo com trípticos narcisistas e intelectuais falidos do Grande Porto.
Ai Primo Levi, se isto é a escrita!!!

9 de março de 2009

Calçada sob Manifestos

Avizinha-se um fim-de-semana de intenso fervor cultural e, porque não dizê-lo, de alguma pulsão política no quarteirão de Miguel Bombarda, sito no Porto.

No último sábado, dia 7, a Rua de Miguel Bombarda foi palco de mais um ciclo de inaugurações de mostras em simultâneo, sob os olhares atentos de Pinto Ribeiro e Rui Rio.

No próximo sábado, dia 14, a partir das 18h00m, a
Livraria Gato Vadio acolhe os Manifestos de A. Pedro Ribeiro, com apresentação de A. Dasilva O. Fica um breve excerto do discurso timoneiro:

«Não ouçamos os jogos eleitoralistas e tácticos dos partidos políticos, dos sindicatos e das outras organizações. Sejamos nietzscheanos, morrisonianos. Punhamos à prova os limites da realidade. Sejamos doidos! Sejamos poetas! Superemos o homem, superemos o real.»

Freelancer d'almas

«A gente habitua-se a tropeçar…»
Céline, Morte a Crédito

O que é que faz?, insistiu ele, estranhando a forma como aquela mulher apareceu naquele fim de tarde na galeria. O que mais o intrigou foi o facto de estar sozinha, vestida daquele modo e não falar com ninguém. Mas como o poderia fazer? Ela não conhecia ninguém, não se encaixava na amálgama de artistas, galeristas, críticos de arte e afins. Não era o seu meio. Também não conhecia ninguém e ali estava inquieta, ansiosa e silenciada. Mas ainda assim concitava olhares, suposições e intrigava-o. Insistiu ele, o que faz? Bom, eu gosto de arte mas… o que faço aqui ou na vida? É que na vida ainda não sei, como cá vim parar é uma longa história e a bem dizer roubo corações como freelancer, por vezes almas até… mas sempre como freelancer, num registo precário. A fobia ao real e ao compromisso impedem-me de esboçar outros planos. Talvez o tenha desarmado com esta resposta mas ele insistia intrigado. E como soube da inauguração? Estava para lhe dizer bebe mais um copo que isso passa mas o vinho era mesmo mau! A bem dizer nem sequer conhecia o artista. Seria ele? Hum, estranho… antes de responder o que quer que fosse emergiu um (des)conhecido e ela pode apagar-se com mais um cigarro e um copo de vinho. Respirar fundo, deambular mas os olhares seguiam-na. Quem será? Que fará aqui? Não conhece ninguém, não tece comentários, obviamente não se insere em nenhuma das tribos estéticas aqui reunidas. Eu não crio, eu reproduzo. Logo, parte do silogismo já se completou. Como reprodutora ali está ela para se apropriar de imagens e palavras, de rostos e corpos pincelados que outrora conheceu mas dos quais não se lembra mais. O que é que a solidão te diz? Eu arranco corações e, por vezes, quando me deixam roubo almas!

Apaga-te com mais um copo. As gnoses e as crises fenomenológicas não te assentam bem. É tudo tão objectivamente falsificável! E sim, deverias ter optado por trazer um acompanhante. Assim, os esgares e os sobrolhos que teimam em seguir-te ter-se-iam desvanecido. Mas tinhas viajado assim tão à pressa, só com essa mala e esse vestido… ainda bem que os sapatos são tão multifacetados logo aos pés da escada. Ainda pensou no Adolfo mas as coisas não tinham corrido nada bem. Logo agora que ele aspirava a artista enlevado por surrealismos e artes digitais… e no meio seria concorrência desleal. Tinha razão, fazer-se acompanhar por um jovem artista desconhecido e com um look semi-apetecível não teria sido uma boa opção. E sempre terias que aturar com as seis horas de pendular barradas por ateísmos e as últimas do Vaticano! Ainda assim, que andará o Adolfo a urdir? Pelo menos, sob o mote de não te coarctar a liberdade pessoal tinha desamparado a loja. De repente o ardor no estômago impediu-a de prosseguir com este flash-back. Não havia comido nada e esse foi um dos motes para ir à inauguração. É que sempre daria para petiscar algo, se bem que não era socialmente agradável observar uma mulher com aquele porte a deleitar-se com as miniaturas de canapés. Os ritos sociais podem ser, de facto, estranguladores e os rituais de comensalidade parecem não se compadecer com a condição feminina. E assim, a Ana relembrou a teoria da estruturação de Giddens e a dualidade entre estrutura e acção. O actor sempre teria alguma margem de manobra, o que equivale a afirmar: Ana come uns salgados apenas para depois te empanturrares de doces. Ainda assim a companhia do Adolfo teria primado pela frugalidade, ele não come, nunca come, a arte é a sua seiva.

8 de março de 2009

Neste dia de assumpções pretensamente paritárias,
que os homens designaram por Dia Internacional da Mulher,
«perdoo a mim própria o abandono em que caí».

O Adeus...

Adeus vaca/chaço de carne
Adeus Ovo Kinder Surpresa
Adeus vinho alentejano

No more pão-de-ló
No more whisky de 12 anos
No more Serra da Freita

[volta que estás perdoado!]

Adeus torradas e chá verde
Adeus minis e pistáchio
Adeus bolo de brigadeiro

No more meias artesanais
No more queijo dos Açores
No more docinho de amendoins

[volta que estás enrabado!!]

Adeus broa e padas de Cambra
Adeus panela rasa de sopa
Adeus "Parlamento"

No more tostas mistas
No more I.T.G.
No more "micro-ondas"

[não voltes pois estás gamibetado!!!]

‘Esperança’, essa coisa de penas feita | Emily Dickinson

‘Esperança’, essa coisa de penas feita – Que assenta na alma – E trauteia a melodia sem quaisquer palavras – E nunca pára, de forma al...